Não, Érica Fontes não é um pedaço de vaca.

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Podia perfeitamente ser um pedaço da Érica Fontes… Mas é de outra vaca”.

Esta foi a legenda inaceitável escolhida pela equipa de um restaurante do Porto, ao partilhar uma foto de uma peça de carne a fazer comparação com Érica Fontes. Durante mais de 24h a mesma equipa bateu-se a pés juntos pelo seu suposto sentido de humor apurado e direito à opinião/liberdade de expressão quando confrontados com a indignação de inúmeras pessoas (homens e mulheres) que os criticavam de desrespeito e misoginia. Mas também foram ainda muitos os que os aplaudiram por aquilo que achavam ser a “melhor piada do dia”. A sério, piada?

A imagem e a quantidade de comentários tomou proporções enormes e ontem à tarde o post (o mesmo cujo print screen que fiz quando estava ativo reproduzo aqui) foi apagado.

Supostamente porque a equipa de Érica Fontes fez um pedido explícito nesse sentido. Sou totalmente pelo humor que ajuda à crítica social e política e pelo condão que uma boa risada tem de passar uma mensagem. Não sejamos hipócritas: já todos nós fizemos piadas idiotas na vida. Mas quando estamos a publicitar ou comunicar um produto/empresa devemos ter em mente a responsabilidade inerente. Neste caso, foi uma pedrada no charco.

Comecemos pela base da piada: comparar uma mulher a um pedaço de carne revela a leveza da forma misógina como ainda há pessoas que encaram o sexo feminino. Algo execrável, ofensivo e condenável.

Depois vamos à motivação: sim, Érica Fontes é atriz de filmes pornográficos. Já me cruzei com ela várias vezes em entrevistas e aquilo que me ficou na memória foi sempre o profissionalismo com que encara a sua carreira, pela qual tem não qualquer razão para sentir vergonha. É muito simples: a pornografia existe porque há muito (mesmo muito) público que a consome. As pessoas que veem pornografia não são porcas, obviamente. Tal como as atrizes que protagonizam os filmes não são vacas, nem no sentido literal nem no metafórico.

Se as pessoas por trás da comunicação deste restaurante não conseguem perceber isto, algo está errado. E não é com a Érica que – sem qualquer tom de piada – é muito boa no que faz, razão que a levou a transformar-se numa estrela da indústria. O problema aqui é exclusivamente de quem faz a piada, dos bacocos juízos de valor implícitos e da tamanha falta de noção dos limites do razoável. Se enquanto pessoas individuais não os têm, pelo menos enquanto empresa deveriam ter.

As vossas mães são umas porcas… mas é só a minha opinião. Ou não é bem assim?

Quando criticados por comentadores, os elementos desta equipa refugiaram-se no seu direito à opinião. Andaram nisto um dia inteiro, a responder ironicamente a cada internauta que lhes apontava o dedo.

Ora bem, imaginem que eu agora decidia insultar as mães destas pessoas. Usando o tipo de humor das mesmas, dizia que a suas mães eram ‘umas porcas que gostam do espeto’. Sentir-se-iam ofendidos? Muito possivelmente e com razão, porque eu não tenho o direito de caluniar ninguém. Mas entenda-se, na óptica destas pessoas, supostamente era só a minha opinião e o meu direito ao humor.

A questão é que não, não era apenas a minha opinião. Uma coisa é liberdade de expressão, outra coisa é incorrer nos crimes de difamação, injúria ou calúnia, presentes nos artigos 180º, 181º, 182º e 183º do nosso Código Penal.

Para quem não sabe, há multas e até mesmo penas de prisão previstas para quem decide “imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração”. Sejam essas injúrias verbais ou feitas por escrito, gestos, imagens ou qualquer outro meio de expressão. Crimes que, pelo que percebi ao espreitar estes artigos, são agravados quando feitos numa plataforma de divulgação social (páginas de Facebook acessíveis a qualquer pessoa incluídas).

Posto isto, se a Érica Fontes quisesse contratar um advogado e apresentar queixa estava no seu direito. E a lei, que não pune nem muito menos discrimina ninguém por Érica ser estrela de filmes para adultos, muito provavelmente protegia-a. Antes de difamarem pessoas por dá cá aquela palha lembrem-se disto. A difamação é crime e não é o complexo mundo da Internet – onde tudo aparece e desparece à velocidade da luz – que a torna aceitável. É triste que em pleno 2016 ainda tenhamos de ter estas conversas sobre os mínimos do civismo.

No caso deste restaurante, só me resta reproduzir aqui o que uma das comentadoras escreveu em relação ao dito post, brincando com a possibilidade de se tirar a letra inicial do seu nome: “deviam mudar o nome do estabelecimento para asco”.

Fonte: Expresso

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